segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

Lá e de volta outra vez



Lá vou eu de novo. Toda vez é essa confusão. Uma vontade desesperada de ficar, mas os pés não deixam. O erro do Hobbit é criar gosto pela estrada. Tão mais confortável em casa. Três cafés da manhã. Cama macia. Mas aí vem uma inquietação desesperada e o conforto passa a ser prisão. As coisas (eu?) vão morrendo por dentro e tenho que ir.
Ir também não é fácil. Só é pior que voltar. As últimas viagens que fiz, chorei muito quando acabaram. Cada vez mais, meu mundo é na rua.
A idade também bateu forte. Fiz 40 e a crise de meia idade veio com tudo. O tempo tá passando e o mundo é grande demais. Acho que quem tem família tem objetivos diferentes. Ver os filhos crescerem deve dar senso de propósito. O problema é que nunca quis filhos ou família. Meu propósito nasce e morre em mim mesma e não sei se nasci pra ficar no mesmo lugar.
Nada disso facilita a ida. Toda viagem é um balde de incertezas. Dá pra drenar com tranquilidade, mas também dá pra se afogar. No momento, estou a caminho do meu destino. Escrevo esse texto na última quinta antes da viagem. Agendei a publicação para o horário do meu vôo. Já passei pelo afogamento, acho. Estou tentando fechar a mala e percebendo que terei que levar ainda menos do que estava planejando. Levarei uma mala de mão (10kg) e uma mochila (laptop). Preciso ter mobilidade pra ir e vir com facilidade.
A viagem está planejada da forma mais solta possível. Sei que terei que estar em certos lugares em certos dias. O resto está em aberto. Vou decidir com o vento. Nesse caso, acho que é a melhor forma de lidar, mas também posso acabar perdendo tempo e dinheiro demais com idas e vindas desnecessárias. Essa é minha maior fonte de ansiedade: gastar demais e não aproveitar o suficiente. É um motivo estúpido pra me estressar mas nunca falei que eu era inteligente. Vou tentar levar essa viagem com leveza e deixar meus pés me guiarem, mas essa voz me dizendo que eu preciso otimizar todos os caminhos continua gritando.
Quando estava arrumando meu quarto, achei um autógrafo do Zeca Baleiro, de 2001. Nele está escrito 'Para Carol. Canções da estrada. Bjs baleiro'. Talvez as estradas cantem, talvez eu cante pras estradas. Manterei os ouvidos abertos.
Quem quiser, pode vir comigo.

10 comentários:

Hibisco Encarnado disse...

Aproveite o máximo que poder. Permita-se conhecer o novo. Aqui fico acompanhando sua viagem.
Bjim de tia Zaza (Sandra Coelho)

Carol disse...

Achei que ninguém estava lendo. Que bom que você está aqui, tia. Bjs.

Hibisco Encarnado disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Hibisco Encarnado disse...

Ops! * puder. Vou seguir seus rumos, e quem sabe um dia explorarei os lugares por onde você passou! bjim

Vera disse...

A decisão de viajar, mesmo que seja com poucas malas, é uma etapa difícil, mas, o resultado é muito benéfico. Você sempre muito desenrolada e corajosa, está muito certa. É o momento de aproveitar e se divertir muito. Torcendo muito pela sua felicidade. Vou aproveitando aqui, seguindo seus escritos. Um grande abraço.

Anônimo disse...

Simplesmente genial esse texto, prima. Quem sabe um livro não estará prontinho ao fim da jornada. Beijos e boa sorte. Mergulhe... T

George Coelho disse...

Beleza de texto, Carolina. Desfrute os bons momentos da vida. Como disse o poeta cantor, Odair José, "Felicidade não existe. O que existe na vida são momentos felizes.

Anônimo disse...

Obrigada, tia! É muito bem vinda por aqui.

Anônimo disse...

Obrigada, tio. Felicidade é uma ilusão mesmo. Por isso os momentos são tão importantes.

Anônimo disse...

Obrigada, Tiça. Que bom que você está por aqui também. Mergulharei.