quinta-feira, 30 de maio de 2024

Coisas que percebi no caminho

A pensadora


Brasil e Reino Unido (estou falando de todos os países no mesmo bloco porque percebi isso em todos e, apesar de serem países diferentes, são bastante parecidos. Além disso, os caras tem coragem de meter um 'América Latina' como um bloco, não sou eu que vou ficar diferenciando Escócia e Inglaterra) são muito diferentes. Cresci assistindo filmes e séries e ouvindo música dessa região, mas ainda assim algumas coisas causaram estranheza. Algumas são besteiras, mas vamos lá:
1- homens pedem o sorvete do sabor que querem, inclusive morango. Quando você, querido leitor brasileiro, viu um homem pedir sorvete de morango? Nunca tinha pensado nisso até ver um homem pedindo sorvete de morango aqui e isso me causou estranheza. E não foi uma vez. Toda vez que estou numa fila de sorvete vejo homens pedindo sorvetes 'de menina'. Achei que algo no cromossomo y impedia o gosto por morango. Sou contra sorvete de morango, no geral, mas conheço mulheres que pedem. Não conheço um homem. Nunca vi um homem entrar numa sorveteria e pedir um sorvete rosa. No Brasil, já ouvi até que doce era coisa de mulher, que macho não come doce. Aparentemente, eles não foram treinados na masculinidade latina e um sorvete é só um sorvete por aqui. Amém.
Aliás, aqui peço sorvete de chiclete com frequência, coisa que raramente faço no Brasil, porque daqui em diante não aceitarei ser julgada pelo sabor do sorvete que consumo.
2- Pessoas com deficiência intelectual (outras deficiências também) estão em todos os lugares. Eles participam da sociedade. Trabalham, viajam, socializam. Recebem o apoio que precisam, mas o objetivo é estarem em sociedade.
Como em todo o mundo, os serviços públicos estão em ataque. A assistência social aqui já foi muito melhor do que é hoje, mas ainda assim é comum pra eles terem todas as pessoas participando. Não sei como serão as próximas décadas, mas espero que isso nunca mude.
Entendi perfeitamente como Derek, o seriado na Netflix (assistam, é uma fofura), é possível. Aquilo ali é o retrato do UK. Talvez seja desconfortável pra algumas pessoas que querem parecer requintadas, mas andando por onde andei falo com conhecimento: aquela é a sociedade inglesa real. Eles são muito mais receptivos que eu poderia imaginar. Eles abraçam os esquisitos (talvez por serem todos esquisitos também).
3- Eles são muito educados. Extremamente. Vão permitir que você faça a merda que quiser sabendo que vai dar merda só pra não ter que causar o constrangimento de corrigir alguém. E corrigir aqui é qualquer coisa tipo um 'isso não é a melhor opção' ou qualquer coisa. Chega a ser engraçado. No começo, fiquei meio puta porque não entendia porque eles não falam diretamente o que é necessário. Agora já estou na paz. Faço as merdas e sigo a vida. Deixa quieto. A piada de que O Drácula, de Bram Stoker, é um livro sobre o que um inglês é capaz de aceitar pra não confrontar, mesmo educadamente, alguém é muito real. O cara vai ver alguém subindo a parede e o máximo da reação vai ser 'oh, my'.
4- Eles são muito fofoqueiros. Muito. Mas não se metem na vida de ninguém. Brasileiro é muito fofoqueiro e se mete na vida dos outros. Eles só são curiosos. Eu achei que seriam mais fechados.
5- São muito engraçados. O humor britânico é conhecido no mundo, mas ver de perto é muito melhor. Um dia fui comprar remédio pro estômago, a mulher perguntou se de 7 ou 14. Pedi o de 14 e culpei a comida daqui e ela com aquela voz inglesa 'oh, dear, não culpe a comida daqui. Nós somos conhecidos mundialmente por termos uma comida de excelência'. A comida daqui é pavorosa e eles são conhecidos por isso. Depois daqui, jamais direi que amo pão. Os caras estragaram pão pra mim. Então foi bem engraçado ela elogiar a comida e certamente o fez na brincadeira.
Por enquanto é só. 

Escrito em 29/5/24.

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