sábado, 16 de março de 2024

Ângulos e perspectivas

Universidade de Edinburgo 


Fui ao castelo. Edinburgo é realmente linda. Pensa aí comigo, essa cidade tem mais de mil anos. Isso explodiu minha cabeça. Brasília tem 64 anos. Não atingiu nem a perspectiva de vida de um brasileiro. É surreal pensar que uma cidade viu tanto. Brasília viverá mil anos? Eu tenho sido muito fatalista com o futuro da humanidade, me parece completamente fora de propósito pensar em mil anos. Aquelas pessoas pensavam em mil anos? Quanto a gente constrói de fato vai perdurar? No fim das contas, nada resta de ninguém, só o legado dos reis.
Fiquei muito pensativa. Essas coisas que me colocam em perspectiva sempre me fazem parar um pouco. Sou muito autocentrada. Não sei se é culpa minha. Não sei se há culpa nisso. Acho que humanos não foram feitos pra pensar em tempos muito longos, menos ainda infinitos. Acho que consigo pensar em até 6 gerações (considerando geração o período de 30 anos) sem pirar. Meus bisavós, avós, pais, irmãos, sobrinhas e sobrinhos netos. Daí pra frente ou pra trás, já vira ficção. Daí pra frente o eu já não existe mais.
Depois que todos que nos viram se forem não resta nada. Todos aqueles problemas importantíssimos de trabalho burocrático não significam nada. Talvez seu trabalho importantíssimo nem seja mais necessário em 100 anos. Não que não seja um problema real hoje, afinal só se vive o presente, mas eu gosto de perspectiva. A gente vai acabar e o que vai ficar?
Lembro da minha chefe em um estágio. Eu queria um intercâmbio. Ela dizia pra ir, que em 5 anos aquele um ano não significaria nada no esquema das coisas, só memórias. Acho que ela estava certa. Obviamente que tudo muda a gente. Se não fosse aquele ano, como seria minha vida hoje? Não sei. São muitas portas não abertas no corredor da vida. Isso sempre me incomodou. Não lembro onde escrevi isso mas era algo como 'andando devagar que é pra dar tempo de pegar o retorno'. Acho que sempre vivi a vida querendo ver todas as opções antes de escolher. Não há retorno, só sucessão de escolhas. Não importa se andou rápido ou devagar. Essa é a vida. Não vai durar 1000 anos.
Terminei a noite conversando com jovens enquanto comiamos pizza. Por algum motivo o albergue tem pizza de graças quinta a noite. Eles falavam dos seus planos e dificuldades. Eles estão bem perdidos. Acho que a sociedade os sacaneou mais que sacaneou minha geração. Não tá ficando mais fácil. Eu espero que a gente encontre o caminho certo e ainda tenha mil anos pela frente.
Escrito em 7/3/24.

2 comentários:

Sônia disse...

"O único caminho da vida é o que está atrás de você." Será?

Anônimo disse...

Acho que sim. O que está a frente é mato inexplorado, esperando virar caminho. Já dizia Chico Cesar, Paulo Freire e tantos outros: caminho se conhece andando (ou caminho se constrói caminhando).