segunda-feira, 22 de abril de 2024

Solidão


Sempre gostei de viajar só. Prefiro. Faço minhas coisas no meu tempo sem precisar negociar nada. Isso funciona pra mim. Há alguns problemas quando a viagem é tão longa quanto a minha, o principal é a solidão.
Lido bem, no geral, mas nesse momento estou em hotel há tempo demais. O hotel me dá privacidade e conforto, mas o albergue me dá companhia. Claro que é temporário. Ninguém vira amigo (às vezes vira), mas sempre vamos encontrar outra alma solitária querendo um bate papo.
Hoje estava pensando em todo mundo que cruzou meu caminho até o momento e é interessante perceber o tanto que eu sou sociável e preciso socializar. Em Brasília, costumo dizer que não sou, mas bato papo com gente em fila. Talvez eu me apegue a ideias sobre mim que não existem mais. Já fui muito tímida. Muito. Acho que não é o caso hoje. Fui forçada a aprender a socializar (como todos devem ser, afinal vivemos em sociedade) e gostei.
Eu gosto de ouvir as histórias das pessoas. Quero saber quais caminhos percorreram para chegar no mesmo lugar que eu. Como os encontros acontecem? Eu também sei que qualquer canto é menor do que a vida de qualquer pessoa.
Então nesse momento eu tô de calça jeans, esticada na areia da praia, pensando que eu queria bater um papo sem sentido com alguém parecido comigo (um ser andante). Não tem ninguém.
Vou voltar pro hotel e ficar no conforto e privacidade do meu quarto e banheiro individuais, que eu trocaria sem pensar duas vezes por um bate papo com algum desajustado do caminho (contanto que não seja louco de verdade, porque aí complica demais meu lado).

Escrito em 19/4/24.

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