domingo, 30 de junho de 2024

É, amigos

Águas de Bath


Forcei demais, sim... Dormi muito mal. Muito mesmo. Estava tossindo então achei melhor sair do quarto. Fiquei na sala comum e só voltei pro quarto 2h da manhã. Daí pra frente dormi. Tô com raiva demais da minha situação. Até não me importo tanto de perder dias quando não tem nada pra fazer, mas aqui tem tanta coisa. Queria andar os matos igual a Lizzie. Em Bath! Bem, não adianta. Não tem jeito. Só posso torcer pra me recuperar logo.
Domingo que vem tem show. O mais caro de todos. Eu quero estar ótima até lá pra poder gritar todas as músicas do começo ao fim. Não aguento mais ter que me poupar.

Escrito em 29/7/24.

sábado, 29 de junho de 2024

Ainda descansando

Terma Romana 


Dormi muito bem. Não precisei levantar pra tossir nenhuma vez. Ainda estou com tosse, mas já está de final. Decidi passar o dia tranquila também hoje.
De manhã, fiquei batendo papo com as meninas do quarto. Uma delas é dos EUA. Ela já disse que não posso falar crise de meia idade, que gosta de exploração de meia idade, mas que prefere extravagância de meia idade. Eu tô amando os novos termos. Essa guria é meio bruxona. Apesar de ser branca espiritual tilele, não tem vibe de branca espiritual tilele. Tem vibe de bruxona mesmo. Depois de um tempo conversando, ela tirou as cartas pra mim. Foi impressionante como fez sentido. Não sei quais cartas ela usou mas lembro o jogo: fuinha, sereia e satisfação. A leitura também foi muito interessante. E depois ela foi embora.
Em qual hotel uma estranha ofereceria pra jogar cartas pra você? Isso é a beleza do albergue. Quando é bom, é ótimo. E esse grupo é ótimo. Tudo nesse albergue até o momento foi maravilhoso. Recomendo demais pra quem vier pra Bath.
Depois fiquei batendo papo com a brasileira que trabalha aqui. Devo estar com a garganta ótima com tanto bate papo. Tudo pra compensar os momentos de tensão no albergue de Glasgow. Bem, falei que queria andar pela cidade hoje a tarde e ela sugeriu um tour gratuito da prefeitura. Fui. Excelente! Os guias são voluntários, moradores daqui, gente que cresceu aqui. Bath é reconhecida pela sua arquitetura e meu guia parecia um apaixonado pela cidade. Talvez seja a melhor forma de conhecer um lugar: guiada por um apaixonado. Se custasse dinheiro ainda teria valido a pena, mas foi de graça.

Royal Crescent
Circus
Circus
O tour durou pouco mais de duas horas e finalizou na mesma praça onde começamos: na frente da Abadia e da Terma Romana.
Sabia que a Terma fechava 17h, era 16h10. Aproveitei pra passar lá também. Perguntei pro segurança se ainda podia entrar, ela me mandou pra uma fila e pediu pra esperar. Depois perguntou se era só eu e me deu um ingresso. Estava com o cartão na mão e ele mandou guardar. O cara me poupou 27 libras. Achei um grande presente.

Termas Romanas de Bath 

As termas são lindas. A visita dura mais de uma hora porque é tipo um museu então tem tudo sobre as águas e sobre a construção, tanto o período romano quanto o período de reabertura, já no século XIX.
Pela cor, dá pra ver que não dá mais pra nadar nessa água. Numa parte do museu, o fedor é absurdo. Certamente tem relação com os minerais. Parece um cheiro de enxofre abafado. Horrível. Essa formação de algas e os minerais não são apropriados para humanos, mas ninguém falou que não pode beber.

'Se não puder ser curado bebendo ou nadando aqui, eles nunca serão curados em lugar nenhum'

Brincadeiras a parte, tem uma parte do tour que tem uma fonte de água potável e eles deixam os copinhos pra quem quiser provar. A água é morna e tem um gosto meio desagradável. Tomei dois copos pra ter certeza que era ruim mesmo e era. Vamos ver o poder da água de Bath.

As termas foram construídas pelos romanos no século primeiro. Após uns 400 anos de ocupação, decidiram sair da cidade. As termas ficaram abandonadas por séculos. Em 1600 e alguma coisa um sujeito resolveu transformar Bath no destino da aristocracia britânica. É graças a visão desse cara que Bath existe da forma que existe. Outras termas foram construídas a partir dessa data. Essa que visitei hoje só foi reaberta ao público no século XIX, quase XX. Todos sabiam da existência, mas tinha que escavar... Bem agora está assim, pode ser visitada, mas não pode tomar banho.
Depois desse passeio, fui jantar e tomar sorvete. Ontem tinha tomado só sorvete rosa. Achei apropriado tomar só sorvete azul hoje.

Framboesa e chiclete 

Tomei banho, mas não lavei o cabelo. Estou escrevendo deitada debaixo das cobertas torcendo pra não ter forçado demais. Espero que a tosse continue regredindo, mas no momento estou tossindo de novo.
Foi um excelente dia, espero não ter prejudicado minha recuperação.

Escrito em 28/6/24.

sexta-feira, 28 de junho de 2024

O médico receitou repouso em Bath


Passei o dia descansando. Sim, tô bem puta com isso, mas não quero que essa tosse se torne pneumonia. Tenho muitas atividades nos próximos dias.
No final do dia saí pra comer, mas esqueci o celular então a foto é de ontem. Que cidade linda é Bath! Sentei um pouco vendo o tempo passar enquanto tomava um solzinho (igual uma senhora tuberculosa vitoriana- nunca mais repito isso, foi só pela piada mesmo).
Meu dia foi assistir filme, tomar banho e uma voltinha pra comer. Tomei sorvete de cereja também.
Esse albergue é muito legal. Não sei se dei sorte, com certeza dei sorte, as meninas do quarto são ótimas. A australiana da cocaína continua andando pelada, mas com certeza ela deixa o quarto mais alegre com a falta de noção.
Falei que ela tinha medo de ser roubada por franceses? Chegaram duas francesas no quarto e ela tá pura simpatia, mas já falou umas 7 vezes que tem medo de franceses e que ela acha que vai ser roubada. Um país que tem todo tipo de bicho peçonhento como a Austrália, essa menina só poderia ter medo de franceses mesmo.
A indiana e a turca são minhas preferidas. Muito gentis. Dividirei o quarto com elas até o final do meu tempo aqui. As outras todas vão embora amanhã. Bem, foi divertido.

Escrito 27/6/24.

quinta-feira, 27 de junho de 2024

Bath

Bath

Deixaram entrar no albergue assim que cheguei, o que foi ótimo. Hoje estamos todos pegando fogo nessa ilha. Talvez a onda de calor seja cruel por aqui. Eu não estou preparada pra isso. Acabei de comprar roupa de frio, sabe?! Há dois dias eu estava passando frio. Bem, veremos as cenas dos próximos capítulos.
O albergue tem vibe de acampamento de verão feminino. Um monte de mulheres de vários países batendo papo. Algumas estão estudando por aqui, outras estão só se divertindo. Uma delas falou que não devo falar que estou em crise de meia idade, que é melhor falar que estou em exploração de meia idade. Então agora eu sou a Dora exploradora coroa. Nada como resignificar as experiências.
Uma outra guria me perguntou quanto custa o grama da cocaína no Brasil (não sei essa informação), depois me falou o preço da cocaína em todos os países que ela já foi. Ela acha que no Brasil é barato porque na Colômbia é 'só' 30 o grama e no Brasil deve ser parecido. Disse que na Austrália é mais de 400. Depois me perguntou se ter me perguntado o preço era racista. Não sei nem por onde começar. Ela é australiana e sabe o preço da cocaína em metade do mundo. Seria racista ela achar que eu também sei? As pessoas me confundem bastante.

Achei Bath lindíssima. A cidade é toda construída nessa pedra amarelada. Ainda não vi muita coisa, só dei uma voltinha, mas a impressão é boa.
Jane Austen passava temporadas por aqui. Mary Shelley viveu um ano. Provavelmente todos os escritores britânicos já passaram por aqui em algum momento, mas a Jane Austen é a mais conhecida. Tem um museu pra ela aqui.
Acho que amanhã vou andar pelos matos de Bath. Vamos ver como estará minha disposição. A tosse ainda está aqui e eu não gosto disso.

Escrito em 26/6/24.

quarta-feira, 26 de junho de 2024

Palavras têm poder

Bristol 

Desde que comecei a planejar essa viagem, falei que uma das coisas que queria fazer era ir pra Bath ficar deitada nas piscinas das termas igual aquelas senhoras vitorianas melancólicas (e tuberculosas). Agora tô aqui com tosse de cachorro às vésperas de ir pra Bath.
Hoje o plano era pegar uma excursão pra Stonehenge, mas acordei meio mal e decidi ficar em Bristol mesmo. Ontem forcei bastante no passeio. Dormi mal e acordei mal. Acho que tenho que aceitar que é melhor fazer uma pausa mais séria que prolongar essa situação.
Mas não estou feliz com isso. Ainda tem muita coisa pra ver. Vi tudo que queria em Bristol, mas o plano inicial era pegar trem pra conhecer outras cidades da região e isso não deu pra fazer. O tempo tá passando rápido agora.
Também não vejo a hora de ter meu quarto individual. Cansei de albergue. Cansei demais. Certamente o inferno são os outros. Em Bath também estarei em albergue, mas é o último. Estou contando os minutos pra Londres e meu quarto individual.
Hoje comecei insustentável leveza do ser e assisti The Boys. Que série boa, né?! Fico impressionada com as cavalgaduras que precisaram de quatro temporadas pra começarem a entender que o Homelander é vilão. As pessoas estão ficando mais burras mesmo. Sou fã do Kripke (escritor/diretor da série) desde Supernatural. O principal defeito dele é que ele é ótimo em fazer a história andar andar andar e terminar no mesmo lugar enquanto o público está totalmente entretido. Até agora foi o que ele fez em The Boys por três temporadas. Veremos se a quarta vai ser assim também.
Hoje só saí pra comprar água e comida. Jantei no mesmo restaurante chinês da outra noite, mas dessa vez pedi arroz ao invés de macarrão. E isso foi tudo.

Escrito em 25/6/24.

terça-feira, 25 de junho de 2024

Bristol

Ponte suspensa

Já falei que estou em Bristol? Não sei se falei, mas estou. E hoje era dia de conhecer tudo que eu queria. Dormi muito mal, mas não tinha como esperar melhor mais da tosse. No momento,. estou preocupada de ter piorado minha situação porque chegou final do dia e estou tossindo muito. Saí 8h30 e fui até a ponte. Depois continuei. Tem um forte da idade do ferro que queria ver.

É esse morrinho aí. Tem umas pedras também.
Em cima do 'forte'

Saí coberta de carrapicho. Enrolei um pouco por aí porque fazia tempo que não ficava num meio do mato sozinha. Deu até com vontade de fazer xixi pelos velhos tempos. Não fiz porque tem área residencial bem perto. Não é um mato mato de verdade.

Liam Gallagher virou banquinho 

Ali atrás tem uma construção redonda de madeira. Sentei um pouco. Depois de alguns minutos, recebo uma visita interesseira.

Ficou bem pertinho

Não tinha nada pra dar, ainda bem. Se eu tivesse qualquer coisa de comer comigo, teria dado pra ele e isso é muito errado, mas olha que fofura! Como negar um pedaço de biscoito? Ele chegou tão perto que fiquei preocupada dele avançar em mim. Tenho muito medo de passar por situações ridículas, tipo ter que parar no hospital pra tomar antirabica porque fui atacada por um esquilo, mas deu tudo certo. Nós dois nos comportamos muito bem.

Além disso, vi essa flor. É um negócio enorme, com uma textura super diferente e tem cheiro excelente. Tá de parabéns quem fez essa flor aí.
Na área da ponte suspensa tem um observatório com uma câmera escura e uma caverna com vista pra ponte. Fui nos dois. Achei a câmera fascinante. A caverna é só uma passagem pra chegar num ponto onde a visão pra ponte é mais privilegiada.

Não achei tão privilegiada assim, mas gostei

Minha sensação em Bristol tem sido um pouco diferente da sensação de outros lugares em que estive. Pra mim, aqui não parece Inglaterra. Não é positivo nem negativo, é só uma sensação. Talvez a cidade seja maior do que eu esperava. Não sei. Só sei que sinto uma diferença aqui.
Amanhã não sei muito o que fazer. Queria ter visto um tour pra Stonehenge. Vou tentar nos próximos dias, saindo da próxima cidade. Veremos.

Escrito em 24/6/24.

segunda-feira, 24 de junho de 2024

Doentinha

Arte


É, fiquei doente. Acho que a recuperação vai ser bem rápida porque mal começou e já parece estar terminando. Vamos ver como será essa noite. Dormi muito bem de novo. Devo ter tossido um pouco (espero que não), mas nada que me impedisse de continuar dormindo, não sei como foi pra guria do quarto. De manhã bem cedo, quando já estava acordada, tossi. Preferi sair pra deixar a menina dormir. Fiquei lendo na sala de convivência. Umas 9h voltei e ela já tinha saído. Enrolei um pouco porque não sabia o melhor a fazer. Não queria ficar, mas também não queria forçar e talvez piorar minha situação. Saí pra uma volta levíssima aqui perto.
Estava terminando de ler o conde de monte Cristo e é meio difícil parar quando falta tão pouco. Fui pra um parque e terminei de ler lá. Toda vez que pego esses livros mais ou menos de 1800 escritos por homens europeus fico pensando se era normal ser dramático assim. Todos eles são exaustivos pelo excesso de emoções. Dickens, Blake, Dumas. Aí falam de Jane Austen... Ela é trezentas vezes mais sóbria que esse bando de românticos histriônicos. Jane Austen e Mary Shelly rainhas. Sério, que preguiça e eu sou pró drama sempre. Sou totalmente favorável, mas as pessoas de fato ficavam com febre de raiva? Elas de fato desmaiavam de medo (beijos, 01)? Elas ameaçam se matar por qualquer contrariedade? Exaustivo viver assim. Talvez essa burguesia precisasse de um emprego. Quem me conhece sabe que eu jamais receitaria trabalho pra alguém, mas acho que esses personagens se beneficiariam de um problema de verdade pra cuidar.
As partes de julgamento social por um 'escândalo', acredito plenamente. Não acho que mudamos tanto. Acho que ainda tem muita gente se isolando por medo do julgamento alheio, ou pelo que considera como julgamento alheio, mas que também não espera um respiro pra julgar os outros. Meu conselho é só o seguinte: se olhar de perto, ninguém tem a vida dos sonhos e eu diria que 98,9% das pessoas é meio infeliz. Comunidade (amigos, família, etc) é o que faz a vida tolerável. Divida sua vida com os outros e se encontrar julgamento, bem, é a vida. Uma hora encontrará acolhimento. Vulnerabilidade não é defeito.
Não vou ao extremo de dizer que não se deve se importar com a opinião de ninguém afinal também nos construímos e percebemos a partir do olhar dos outros, mas definitivamente acredito que não devemos deixar de fazer o que queremos por causa do julgamento alheio (a não ser que seja antiético- veja que não falei ilegal. Eu sou a favor de várias ilegalidades). Só sei que metade do problema do mundo se resolveria se as pessoas largassem as picuinhas de lado e deixassem as pessoas em paz pra viverem suas vidas como acreditam.
Resumindo: Conde de Monte Cristo é um tremendo de um cuzão megalomaníaco com delírio religioso e, portanto, sádico. O livro é excelente. Ainda quero saber se Dumas de fato via gente desmaiando por qualquer susto.
Depois de terminar essa obra prima da literatura européia (o conde deixou um cara achar que estava se matando porque 'só quem passou por um desespero profundo pode conhecer a felicidade profunda'. Isso aí é problema psiquiátrico gravíssimo, mas tão tratando como lição de moral), passei numa loja. Minhas roupas estão com uma aparência muito ruim. Sei que falei que não compraria mais nada, mas se eu estou incomodada é porque o negócio é grave. Não comprei nada demais não. É parecido com o que tenho vestido mesmo, mas mais novo e mais arrumadinho. Acho que o excesso de lavagens deixou tudo meu com aparência de velho. Bem, comprei.
Depois fui jantar a comida mais familiar e confortável que existe: macarrão, tofu e shoyu. Estava de guarda baixa então demorei pra perceber a ofensa: fui a única cliente a receber garfo. Não por acaso, era a única cliente percebida como branca (os outros eram todos asiáticos, provavelmente chineses). Eu sei usar hashi. Não precisava ser tratada dessa forma.

Delicioso

E foi só. Um dia tranquilo. Amanhã tenho planos de fazer mais coisas.


Escrito em 23/6/24.

domingo, 23 de junho de 2024

Sábado dia de faxina



Cheguei no albergue novo. O quarto foi só meu e eu tive uma noite excelente. Dormi das 23h às 6h direto, sem pausa pro xixi. 7h de sono. Acordei outra pessoa.
O albergue novo é bem barulhento. Muitas festas em todas as partes, mas isso não me atrapalhou nada. É provavelmente o albergue mais limpo que eu já vi. Não sei como eles fazem isso, mas fazem. O prédio é velho, as instalações são velhas, mas a limpeza é perfeita. Deixei cair um negócio na parte de trás da cama e já estava cheia de nojo pra pegar (porque sei como é em outros albergues), mas até nos cantos mais inacessíveis tá limpo. Janelas enormes que permitem ventilação e luz. Realmente muito bom.
Passei o dia lavando roupa. Fiz hidratação no cabelo. Ouvi Olodum. No final do dia, já deitada assistindo filme, descobri que era sábado. Passei o sábado fazendo nada. Bem, queria aproveitar o descanso e a solidão do quarto. Uma nova hóspede já chegou então minha solidão pra essa noite já acabou.
Outro negócio também é que acho que não estou apenas rouca, talvez seja tenha ficado doente mesmo. Estou tossindo. Esse negócio de lavar cabelo antes de dormir sempre me fez mal, aí junta os excessos dos últimos dias e a falta de sono, acho que minha imunidade baixou. Veremos as cenas dos próximos capítulos. Falar nisso, lembrei agora que prometi atualizações da unha do dedão. Ela está lá, não caiu. Está com a aparência horrorosa, mas tá lá.
Já tive mais um problema com homens usando o banheiro aqui, no caso usaram o banheiro exclusivo feminino. Eu já não chamo mais nem de misandria, é só legítima defesa mesmo. 

Escrito em 22/6/24.

sábado, 22 de junho de 2024

Dia de viagem

10h de viagem 


Daqui pra frente, só Jesus na minha causa.
O quarto onde estava era misto e, apesar de ter homens, a maioria era mulher. Acho que, apesar de ter sido horrível, isso segurou um pouco minha onda. Essa noite só tinha homem e um deles era um porco. Não tenho certeza de qual, mas suspeito que era um sujeito mais velho.
Fui usar o banheiro e estava tudo mijado. Procurei outro, que era mais distante e desconfortável, e usei. Povo da limpeza limpou e beleza. Cheguei do show, tudo certo. Acordei de madrugada pra fazer um xixi e estava tudo mijado de novo. A camisa desse cara estava pendurada no banheiro e eu a usei pra limpar a privada. Bem, tenho quase 100% de certeza que o mijo era dele. Se não for, fazer o que? Vai pagar por todos os homens do quarto. Todo mês eu pago pelos erros de Eva e ela só comeu uma maçã, imagina se ela tivesse mijado toda a privada?
Zero arrependimento, mas sei que cruzei um limite. Cinco noites dormindo mal, meu humor tá horrível. Esse foi o pior albergue que já fiquei na minha vida. Nunca vi um lugar tão ruim. Até o fato de não ter como correr um vento... Tudo fedido. Bem, foi extremamente desconfortável. Agora quero esquecer.
Próximo quarto é feminino e tomara que seja mais confortável. É albergue de festa, que é o que mais estão fazendo agora. Deus no comando! Que eu não tenha que limpar privada com a escova de dentes de ninguém! Corrente de positividade.
Essa noite estou sozinha no quarto e esse talvez seja o melhor presente. Nem assombração vai me atormentar. O albergue é de festa mesmo. Tem umas três festas acontecendo simultaneamente, uma delas é karaokê. No geral, esse tipo de barulho não me incomoda. Saí pra comprar comida e água. Agora vou dormir. Que seja uma boa noite de sono.


Escrito em 21/6/24.

sexta-feira, 21 de junho de 2024

Um abraço de Morfeu

Último show do Liam pra mim. Agora só na próxima vida, provavelmente


Último dia inteiro em Glasgow foi de recuperação e preparação pro último show. Por mim, se desse pra vender, venderia, mas não dá então lá vamos nós. Nunca quis comprar tanto ingresso, tudo que queria era uma pista em Manchester e tava tudo resolvido. Agora os shows vão se acumulando. Até agora todos foram ótimos, mas duvido muito que algum supere o de ontem. Preferiria ficar com o de ontem como última lembrança.
Estou completamente sem voz e cansada porque as noites aqui têm sido muito desagradáveis. Amanhã sigo caminho pra próxima parada e espero que seja um pouco mais confortável. Tenho que ter paciência, mas não vejo a hora de chegar em Londres. Deveria ter planejado sair daqui direto pra lá. Agora não dá pra fazer nada porque não tenho acomodação em Londres, então é aguentar. Só julho mesmo.
É impressionante o cansaço de uma noite mal dormida. Pior ainda quando as noites vão se somando. Não aguentava esse ritmo nem quando era jovem. Agora fica doloroso.
Acho que em Londres vou conseguir me divertir mais porque vou conseguir dormir de verdade. Tomara. O Airbnb parece bom, devo ficar confortável. Então basicamente estou vivendo na expectativa de uma boa noite de sono.
Nós sabemos que nunca mais vou viajar (depois do Egito), mas caso eu viaje acho que 3 meses é o ideal. 5 meses só se ficar uma parte disso num lugar específico e fizer viagens curtas.
Uma época dessas bati papo com um antigo amigo que fez aquela volta ao mundo em um ano. Bem, esse era o plano. Deu oito meses e ele entrou em sofrimento. No nono voltou pra casa. Saber a hora de parar também é uma arte. No meu caso, só preciso descansar mesmo. São quatro noites sem dormir direito e eu sou um bebê.
Uma coisa que esse amigo também me falou é que quem viaja assim não é igual turista comum. Ver milhões de coisas nunca vai ser a prioridade de um viajante de longo tempo. As experiências contam muito mais que ficar visitando lugares e mais lugares. Não poderia concordar mais. Nunca mais vão me ver pagar 25 euros pra entrar em igreja fodida. Esse negócio de correria de viagem é coisa de turista e nunca me interessei por isso.

Mas vamos ao show 

Essa noite fiquei bem mais distante do palco. Não vejo bem os artistas, mas vejo o público e eles se divertiram muito. Show consistentemente bom. Já assisti três e todos redondinhos. Essa noite aconteceram alguns problemas técnicos, mas os artistas foram tão bons quanto em todas as outras noites.
Um negócio que achei muito interessante é que, no show de ontem, no final de Whatever, um grupo do público bem na frente do palco cantou um refrão de outra música que eu não reconheci. O Liam adorou. Riu e disse que ficou ótimo. Pois no show de hoje Dr Liam mesmo puxou o refrão e foi acompanhado pelo público. Acho que ele vai adotar pra todos daqui pra frente. Eu não reconheço o refrão e nem gravei pra analisar. Pra ser sincera, nem lembro se foi em whatever mesmo. Vai saber?
Amanhã acordo cedo e sigo pra próxima parada. Qual o padroeiro dos viajantes pra eu fazer uma reza pedindo pelo próximo albergue? Só rezando!

Escrito em 20/6/24.

21/6 é aniversário de muita gente, inclusive o Príncipe William. Além dele, minha amiga Tê, que trouxe The Killers de volta pra minha vida, e minha outra amiga cítrica Carol. Carol ressuscitou o blog algumas vezes. Toda vez que falei que ia parar de escrever, ela dizia que não aceitava e eu voltava a escrever. Uma vez ela disse que nosso professor de redação estaria orgulhoso de mim e isso pegou um pouco porque sei que não faço revisão do texto e cometo muitos erros de português, mas foi talvez o melhor elogio que já recebi. Na real, acho que tenho umas 5 pessoas que de fato lêem isso aqui e a Carol é uma delas. Não quero decepcionar meus cinco amigos e leitores fiéis. De qualquer forma, vou continuar sem revisar o texto. Obrigada, Carol, e feliz aniversário!

Escrito em 20/6/24.

quinta-feira, 20 de junho de 2024

Que dia!

Definitly Maybe Tour 


Dormi muito mal de novo. Não vejo a hora de sair daqui. Acho que ontem foi mais minha culpa e acabei atrapalhando o pessoal. De qualquer forma, uma noite muito ruim. Depois que todo mundo saiu, consegui dormir mais. Já tinha decidido que só sairia do quarto mais tarde.
Primeiro, precisava achar uma bandeira do Brasil. Depois ia pra fila do show. Eu queria ficar o mais perto possível do palco com a bandeira pra ver se o Bonehead me reconhecia. Muito boba.
Na loja de esporte, tinha tudo menos coisas brasileiras. Tinha tudo da Argentina, por exemplo. Camiseta, bandeira, cachecol. Nada do Brasil. A gente já teve mais moral pelo mundo. Os caras ganham uma copa e tem um Messi e, pronto, já dominam o mundo.
Achei um boteco brasileiro que tinha várias bandeirinhas. Pedi e eles me deram. Achei uma vitória. Aproveitei pra comer por lá mesmo e segui pro show.
Quando cheguei já tinha gente formando fila, inclusive um brasileiro. E ele salvou minha noite. Graças a ele fiquei na frente do palco.
O show começou com o Villanelle, banda do filho do Liam. Eles são bem bons, mas precisam ganhar mais desenvoltura com o público. De qualquer forma, bom show.

São bons

Depois veio The View. Amei. Os caras são muito bons. Nunca tinha ouvido nada deles mas já vou querer ouvir. Divertido demais e muito espertos com o público.

Excelentes

No show de Manchester, a banda de abertura era o Cast, que é muito boa e mais tradicional, mas nem se compara em empolgação com essa The View. Eles se divertem no palco. Durante o show saiu um gol da Escócia pela a Eurocopa e parecia que o estádio viria abaixo.
E aí veio o Liam. Esse cara é muito amado. Deve ser estranho pra ele, mas é isso, o público dele o ama demais. Novamente, um show redondinho. Mais umas ofensas por causa de futebol (é parte do show e o público ama), já que ele achou de bom tom perturbar o público porque a Escócia só conseguiu empatar, e muita música boa.

Estou sem voz. Amanhã vou ter que ficar de boa. O certo seria até evitar falar. Uns dois dias calada deve ajudar. Se eu não conhecer mais ninguém pelo caminho nos próximos dias vai ser bom pra minha garganta.
No fim, um cara da produção me deu o setlist. Bem na minha mão. Eu já tinha ganhado o setlist do The View do brasileiro que me ajudou a pegar grade então agora tenho dois. Ele também recebeu um setlist. Ainda bem. Se ele não tivesse conseguido era capaz de eu dar o meu, mas eu queria tanto... Bem, cada um saiu com o seu.

Depois do show, que foi um negócio absolutamente fenomenal e que já estou começando a esquecer enquanto escrevo, fui pra estação pegar o trem. Tinha um sujeito tocando Oasis e ali virou o pós show pra um monte de gente.
Foi uma noite incrível. Foi tudo muito melhor do que eu poderia imaginar. Não acho que um dia irei num show tão perfeito, acho que nem se fosse o Oasis as coisas se alinhariam tão perfeitamente como foi essa noite. Alguns sonhos de criança não desaparecem e merecem ser vividos.

Escrito em 19/6/24.

quarta-feira, 19 de junho de 2024

Reconhecendo territórios

Museu Kelvingrove

O albergue é realmente complicado. Nunca fiquei em lugar tão desconfortável. É a vida... Só algumas noites a mais.
Depois de uma noite horrível, fui dar uma volta meio sem rumo pela cidade. Acho que já estou me preparando pro retorno fazendo coisas que eu não costumo fazer tipo entrando em lojas de roupa pra 'dar uma olhada'. Não comprei nada porque ainda tenho mais 12 dias e mais duas paradas até Londres. Carregar mala tá cada dia mais difícil, mas tá acabando. Passei também pela arena onde será o show de amanhã, só pra fazer reconhecimento de terreno mesmo.

Na hora do almoço, tinha marcado de encontrar com uma guria que conheci em Liverpool. Ela é indiana/estadunidense e está viajando há dois meses pela Europa. Daqui vai pra Índia e Turquia antes de voltar pros EUA.
Nos encontramos no museu Kelvingrove, onde estava acontecendo um recital de órgão, e passamos o resto do dia conversando. Vimos algumas exposições do museu, mas não tinha nada tão interessante.

O que achei mais interessante nesse museu foi o teor explícito anti imperialismo britânico em várias áreas. Achei muito bom.
Depois fomos a um pub de cachorro que fica em frente ao museu assistimos Turquia x Georgia pela Eurocopa e batemos papo até umas 20h e seguimos nossos caminhos.
Acredito que não nos veremos mais nessa viagem. Quem sabe na próxima.

Escrito em 18/6/24.

terça-feira, 18 de junho de 2024

Glasgow


Cheguei em Glasgow! Na saída do trem, além de toda a banda do Liam, também encontrei o irmão do Liam, Paul Gallagher (o único não Oasis). Ele não foi muito simpático, mas tudo bem, todo mundo sabe que ele odeia fã dos irmãos. Achei que ele fosse mais alto, mas é bem baixinho. O Noel deve ser um tiquinho também.
Só o Liam não está aqui. Hoje é show do Foo Fighters. Tudo na cidade está lotado. Não tem vaga em albergue nenhum. Tudo cheio pra todos os lados. Falei que ia pesquisar as cidades antes de decidir os caminhos, mas fica pra próxima. Se bem que não tinha outra opção, já estou com ingresso desde o início do ano.
O albergue vai ser complicado. 24 camas pra uma privada. Nunca vi isso. Enfiaram mil camas, mas não fizeram o mínimo. Espero ficar relativamente confortável por aqui, mas não parece que será o caso. Veremos.
Gostei de Glasgow de cara. É tão estranho como é rápido o julgamento de se vai ser bom ou não. E daí pra frente é profecia auto realizante: se achei que seria bom de cara, vai ser ótimo; se não gostei, só milagre pra fazer ser bom. Pelo lado bom, na minha memória só ficam as coisas boas. Se me perguntar das coisas ruins dessa viagem, vou ter que parar um pouco pra pensar. Se perguntar das boas, começo a responder antes da pergunta terminar.
O albergue é bem central mesmo. Localização privilegiada. Excelente pra mim. Dia18 é meu único dia livre por aqui. Vou tentar ver o máximo possível. Dia 19 e 20 são dias de show e 21 vou embora. Ainda não sei pra onde. Tenho uma ideia, mas fico pensando se deveria ficar aqui por cima mais um pouco antes de descer pro Sul. Veremos.
Agora estou em Glasgow e só quero que seja legal.


Escrito em 17/6/24.

segunda-feira, 17 de junho de 2024

Bonehead

Bonehead e eu


Tudo acontece como deve acontecer.
Hoje acordei cedo porque o proprietário da hospedagem não permitiu que eu fizesse o checkout 11h, ele insistiu que fosse 10h, então precisava arrumar tudo pra sair até 10h. Segui pra estação.
Na estação, sempre compro a passagem mais barata. Mesmo que demore mais e tenha conexões, sempre escolho a mais barata. Já tinha pedido, mas mudei de ideia e troquei pra mais rápida. Não sei o que me fez mudar, mas mudei.
Cheguei na plataforma. O trem já estava quase chegando. De última hora, mudei o vagão que ia entrar. No meio do caminho, retornei pro vagão inicial. Bem a tempo de ver o Bonehead (guitarrista original do Oasis e agora em tour com o Liam) entrando no trem. Outras pessoas estavam com ele e eu falei 'esse é o Bonehead? É o Bonehead?'. Bem, entrei no trem e dona minha irmã sugeriu que eu escrevesse um bilhete.
Escrevi e entreguei pra ele. Eu fui muito estranha porque não consegui falar direito, mas entreguei.
Estava sentada algumas poltronas atrás dele e a banda estava toda junto quando entreguei. Todos riram muito 'ah, os tempos antigos sem celular' e etc e ele falou 'na verdade é muito sweet' (não quero traduzir sweet como doce. Talvez fofo).
Escrevi que mandei o bilhete porque não queria ser inconveniente, mas se fosse possível gostaria de uma foto. No meio da viagem, ele veio na minha poltrona e tiramos a foto. Tentei falar tudo que não estava no bilhete, mas não consegui. Foi rápido, respondi as perguntas dele, na verdade.
Cá estou eu, depois do show de ontem viajando com a banda. Liam não está aqui. O esquema do Liam é parecido com o do Romário, ele não gosta de treino, só de jogo. A banda ensaia por semanas, ele chega nos últimos dias só pra acertar os detalhes e depois é tour. Na tour, ele não faz passagem de som nem nada. Ele chega pro show. É assim que funciona. Provavelmente Liam ficou em Manchester com a mãe ou voltou pra Londres (já vi foto com o cachorro, voltou pra Londres). Deve chegar em Glasgow no dia do show.
Engraçado que essa manhã eu estava me perguntando pra que comprei Glasgow se tinha tanto lugar mais legal. Uma foto com o Bonehead e pra mim já valeu a viagem. Aliás, ele foi ótimo. Um fofo. Muito gentil. E tá muito bem. Forte e saudável. Não sabia que ele também tinha olhos azuis, mas tem e são lindos. Azul brilhante. Vida longa a todo Oasis.

Escrito em 17/6/24.

Enquanto vivemos, os sonhos que tínhamos quando criança vão desaparecendo

Voltando pra 1994


Esporte, futebol principalmente, e música são talvez as expressões humanas mais coletivas que existem. É possível curtir individualmente, mas a força está no grupo. Por isso o público tem tanto poder em tornar o show bom ou ruim. É assim que situações como a do show do Weezer e Smashing Pumpkins acontecem. A banda fez tudo certo, mas o público não se envolveu.
Quando finalmente consegui comprar ingresso da DM tour, foi uma revenda. Sem escolha, era o que tinha. Sabia que ficaria longe e que veria muito pouco do Liam, mas fiquei feliz porque veria o público e a reação deles. Desde o começo queria em Manchester porque aqui é o lugar onde Liam é mais amado e a experiência do público contagiaria todos. Estava certíssima. O público fez o show.
Não que o Liam não tenha feito. Há anos não ouvia a voz dele tão boa e fácil. Parece que voltou pros 20 anos. Normalmente, quando ele não consegue segurar na garganta (ele força demais porque a característica dele é a voz arranhada), o normal é nasalar. Não fez isso nenhuma vez essa noite. Segurou na garganta o tempo todo. Ele disse que viveria como monge na preparação pra turnê. Deu certo. Foi realmente impressionante pra um cara de mais de 50 que passou tanto tempo abusando da voz.
Ele cantou todo o álbum definitly maybe, mais close all the doors e I Am the Walrus. O público dançou e cantou o show inteiro. Quase duas horas de diversão e nostalgia.
Não vi a última música. Estava preocupada se teria tempo hábil de pegar todos os transportes pra chegar na hospedagem. Em Glasgow, o albergue fica a meia hora andando do local do show. Posso ficar até a hora que quiser e ainda vou chega sem problemas. Vou ver o show todo lá.
Em Manchester, o que vai ficar mais marcado é o público e o carinho que eles têm pelo Liam. Quando o Oasis surgiu, não tinha ninguém como eles no mercado, eles eram pobres mesmo. Os jovens que cresceram aqui se identificam com eles e tem sido assim por três décadas.
Com o Oasis, além da música, o futebol sempre teve destaque e o público do Liam parece público de futebol. Eles têm aquelas músicas de torcida e tudo pro Liam. Foi como ver meu time preferido num estádio lotado.
Saí com o coração cheio.

Hoje é aniversário da Mari, minha amiga cítrica. Ela é o principal motivo desse blog existir. Por isso sou muito grata a ela. Terei um registro da viagem e isso não tem preço. Feliz aniversário, Mari. E muito obrigada por todo o apoio.


Escrito em 17/6/24.