Último dia inteiro em York

De ontem 

Música: Don't Bust My Chops, Ramones.

Dia 1/6, sábado, foi a parada gay de York. Não vi nada pois estava em Goathland. Cheguei cansada e só fui ao pub assistir ao jogo (viva Vinny e Rodrygo! Só pra avisar, o povo daqui não gosta do Vini. Estão errados). Deu pra ver a movimentação pras festas e boates, mas voltei direto pro quarto umas 22h e tive mais uma noite infernal.

Já comentei que tive problemas pra encontrar hospedagem semana passada. Foi a semana do saco cheio, além disso teve feriado e ainda a parada gay. Tudo lotado e caro. Apesar disso, York era a única cidade viável. Outras cidades estavam ainda mais caras. Então peguei o que consegui e, infelizmente, era um quarto misto. Eu odeio conviver com homens. Odeio. Odeio como vivem a vida sem ter o mínimo de cuidado e consideração com o espaço dos outros. Mas era o que tinha. Já fiquei em vários quartos mistos, inclusive nessa viagem. NUNCA dividi quarto com gente tão nojenta quanto os daqui.

Um dos caras só pode estar em depressão. Já acorda bebendo e passa o dia no quarto bebendo, o que é proibido em albergue. Acredito que não tomou banho nenhuma vez desde que chegou. Pediu comida e deixou no quarto fedendo. Não jogou os restos fora e ainda tá lá. Eu odeio esse cara. Muito. Não falei uma palavra com ele, só ficava no quarto pra dormir, e o odeio com todas as minhas forças.

Como as pessoas vivem assim? Amanhã vou deixar avisado na recepção que ele tá bebendo no quarto e da nojeira da comida. Espero que haja consequências.

Pra piorar, como tudo estava lotado, me colocaram no quarto no térreo. A princípio, achei excelente porque não teria que subir escada com mala. Quanto engano. Usam o quarto do térreo pra colocar qualquer pessoa lá. Entrou alguém 3h da manhã procurando lugar pra dormir? Quarto 24. E foi exatamente isso que aconteceu na madrugada de domingo. As gays saíram da festa bêbadas, entraram no albergue, que já comentei é no centro da cidade, e pegaram um quarto.

Não satisfeitas em só fazerem barulho, quiseram reclamar de tudo. Chamaram o cara da recepção três vezes no quarto porque o banheiro não tava no gosto delas, depois sei lá qual problema da cama e depois ainda ficaram conversando. Amada, chegou no quarto 3h da manhã, deita e dorme, demonho. Aí o cara que já odeio achou de bom tom continuar o barulho e tive que pedir pra todo mundo botar a mão na consciência. Meu amor por albergue acabou. É triste, mas cheguei ao meu limite. Tô cansada demais pra aguentar gente. Quando tá tudo bem, é perfeito, mas agora tô exausta. Não tô tolerando nada.

Tudo isso pra dizer que estragaram meu dia. Já suspeitava que não conseguiria ir pra Helmsley. Isso foi a tampa do caixão.

Meu dia foi de faxina (lavar roupas e bota. A bota tá limpa, mas só Deus sabe quando estará seca) e compras (errei, fui moleque).

Mas olha esses gatinhos!!! Não comprei esse, o meu é melhor.

Mandei as fotos dos gatos pra família e todo mundo quis um diferente. Agora vou ter que carregar isso até Londres. Depois entrei numa farmácia daqui (boots) e tudo estava em promoção. Acabei comprando xampu e condicionador enormes. Quando cheguei no albergue que pensei que aquilo não ia caber na mala. Estava errada. Coube, mas a que custo. Bem, não comprarei mais nada até Londres.

Achei uns brasileiros e fiquei batendo papo. Estamos todos prontos pra voltar pra casa. Contei pra eles do aviso que recebi pra guardar o celular porque algum idoso ladrão poderia me roubar e ele riu e falou 'pô, se perder pra eles vai ganhar de quem?' e é esse meu espírito pros próximos dias, já que estarei em cidades maiores e mais complicadas. Nunca fui roubada no Brasil, não é aqui que vai acontecer.

Tá, tô muito reclamona nesse post. É que foi um dia difícil. Sem dormir e sem comer direito, meu humor fica péssimo. Dormir não é certeza, mas pelo menos resolvi a parte da comida. Um conforto pra finalizar o dia.

Tofu, macarrão, shoyu. Já perdi as contas.

Escrito em 2/6/24.